A jornada criativa por trás das esculturas sombrias de Alice no País das Maravilhas
No universo da arte digital, poucos personagens são tão reinterpretados quanto Alice e seus companheiros do País das Maravilhas. A artista Viktoriia Shekhireva mergulhou fundo nesse mundo distorcido para criar esculturas 3D que capturam a essência sombria da versão de American McGee's Alice. Seu trabalho, desenvolvido com ZBrush e Blender, transforma os icônicos personagens em figuras perturbadoras que misturam o fantástico com o macabro.
Da concepção à modelagem: o processo criativo
A paixão de Viktoriia pelo jogo vem da infância, quando jogava no computador de sua mãe. A atmosfera opressiva e as imagens distorcidas deixaram marcas profundas em sua percepção artística. Ao decidir recriar Alice em 3D, a artista optou por representá-la no chamado "Modo Fúria", quando o personagem assume características demoníacas no jogo.
O processo de modelagem seguiu etapas cuidadosas:
Pesquisa extensa de referências visuais, incluindo screenshots do jogo e fotos de cosplay
Desenvolvimento da pose dinâmica, fugindo da postura estática tradicional
Criação dos elementos demoníacos, como garras e chifres, com detalhes orgânicos perturbadores
Integração dos companheiros - Gato de Cheshire e Coelho Branco - na composição final
Desafios técnicos e soluções criativas
Um dos maiores obstáculos foi equilibrar o aspecto artístico com as limitações da impressão 3D. Elementos como as chamas que envolvem Alice precisavam parecer fluidas e etéreas, mas suficientemente robustas para serem impressas sem quebrar. A solução envolveu:
Uso estratégico de texturas de ruído no ZBrush para criar superfícies com aparência orgânica
Adaptação da topologia para facilitar a impressão sem comprometer os detalhes
Criação de bases de apoio que reforçam as partes mais frágeis das esculturas
O significado por trás dos detalhes
Cada elemento da composição carrega significado narrativo. O tabuleiro de xadrez desmoronando na base representa a desordem do País das Maravilhas na visão de McGee. O Gato de Cheshire, posicionado estrategicamente, derruba a Rainha Vermelha - um gesto simbólico de subversão da ordem estabelecida.
A artista explica: "Queria capturar não apenas a aparência, mas a essência psicológica desses personagens. Alice não é mais a menina inocente - ela é uma força de destruição, e seus companheiros refletem diferentes aspectos dessa transformação".
Conclusão: quando a arte digital encontra o terror psicológico
Este projeto exemplifica como a escultura digital pode transcender o entretenimento para se tornar narrativa visual. A reinterpretação de Viktoriia vai além da simples reprodução de personagens, oferecendo uma leitura pessoal e perturbadora do clássico infantil. Para artistas digitais, o trabalho serve como inspiração para explorar temas sombrios através de técnicas avançadas de modelagem 3D, provando que mesmo os contos mais familiares podem ganhar novas camadas de significado nas mãos certas.
Com informações do: 80lv