Contexto da controvérsia

A Ubisoft, uma das maiores desenvolvedoras de jogos do mundo, está enfrentando uma ação judicial movida pela organização sem fins lucrativos NOYB (None Of Your Business), sediada na Áustria. O caso gira em torno da exigência de conexão à internet e login em contas Ubisoft mesmo para jogos single-player, como Far Cry Primal.

Os detalhes da denúncia

De acordo com a NOYB, um jogador que adquiriu Far Cry Primal pela plataforma Steam descobriu que era obrigado a manter uma conexão ativa com a internet para acessar o título, mesmo sendo um jogo que não requer interação com outros jogadores. Durante uma análise técnica, o usuário identificou que, em apenas 10 minutos de jogo, foram estabelecidas 150 conexões com servidores externos, incluindo empresas como Google, Amazon e Datadog.

A Ubisoft justificou a prática citando seu Termo de Licença de Usuário Final (EULA) e política de privacidade, afirmando que a coleta de dados tem como objetivo "proporcionar uma melhor experiência de jogo". Entre as informações coletadas estão:

  • Dados de login e navegação

  • Hábitos de jogo

  • Padrões de uso dos produtos

Questões legais e regulatórias

A organização argumenta que essa prática viola o Artigo 6(1) do Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) da União Europeia, que estabelece bases legais para o tratamento de dados pessoais. Lisa Steinfeld, advogada especializada em proteção de dados da NOYB, declarou: "Jogos eletrônicos já são caros por si só - não há justificativa para empresas como a Ubisoft forçarem conexões desnecessárias apenas para rastrear o comportamento dos usuários e lucrar com esses dados."

A NOYB está pedindo que as autoridades de proteção de dados apliquem uma multa administrativa que pode chegar a 92 milhões de euros, valor calculado com base no faturamento global da empresa.

Impacto no mercado de jogos

Este caso reacende o debate sobre práticas comuns na indústria de games, como:

  • DRM (Gerenciamento de Direitos Digitais) excessivo

  • Coleta de dados de jogadores

  • Limitações de acesso a produtos adquiridos

Especialistas apontam que a decisão neste caso pode estabelecer um precedente importante para a regulamentação de práticas digitais na indústria de entretenimento interativo, especialmente no que diz respeito à privacidade dos usuários e ao direito de acesso a produtos adquiridos.

O resultado deste processo pode influenciar não apenas a Ubisoft, mas toda a indústria de jogos, potencialmente levando a mudanças significativas em como as empresas implementam sistemas de autenticação e coleta de dados em seus produtos.

Com informações do: 80lv